quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O mais puro Caio F. Abreu de mim

"Ninguém é capaz de compreender um dragão.
Eles jamais revelam o que sentem."



[...] Desconhecida, ela seria mais completa que todo um inventário sobre o seu passado. Descobriria que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio."


'Sem sentir, você calcula mal alguma coisa no passo e, em vez do vôo, vem a queda.. o ridículo é que só no chão você percebe que caiu.'



"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porquê no momento em que tento falar não só exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo (...) As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostram..."




'...não adianta, não sei explicar, as palavras traem o que a gente sente. Mas sei que, por um instante, quase senti. Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis.
Eu sinto, só não sei o que sinto.
Quando sei não compreendo...
eu me exponho melhor pelo silêncio.'


Trechos - Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

13 anos sem Caio


Senhores, hoje faz exatos 13 anos que Caio F. Abreu partiu pra um plano além desse que nos alimenta o cotidiano. Não vou falar muito porque todos sabem da minha eterna admiração e agradecimento por tudo que Caio provocou de mudanças na minha vida.
Sem ele eu não teria perdido tanto quando perdido do medo de escrever.
Por isso, algumas frases das quais gosto muito e que dizem um pouco do que sinto agora, em relação a Caio, em relação a tudo na minha vida.

"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde."

“És meu oposto,mas se por amor confundes e libertas o caos de tudo e de todos, por amor eu tento tocar mais fundo, procurando um vôo que não conseguiria jamais num amor menor.”

"E suspeitou: por mais que tentasse racionalizá-la ou enquadrá-la, ela sempre ficaria muito além de qualquer tentativa de racionalização ou enquadramento."


.

Entre palavras e silêncios

É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e suspiro,
de palavra indireta, aviso na esquina.
Tempo de cinco sentidos num só.
(Carlos Drummond de Andrade)



Eu tenho andado um pouco ausente de palavras. Essas formas sólidas de se materializar tudo o que se passa aqui por dentro. Pensariam os sensíveis a minha literatura: mas ele sempre se deu tão bem com a escrita, como pode? Ou então diriam aqueles que pouco sabem sobre o dom de escrever: isso é preguiça, palavra no papel qualquer um dá conta de escrever a qualquer hora. Mas não se faz tudo tão simples quanto parece.
Durante um tempo, não muito distante, as emoções e sentimentos se estouravam aqui dentro e liberavam uma espécie de purpurina colorida que se misturava no meu sangue. Ai então eu escrevia por horas, por dias, semanas... Todos os meus momentos se faziam palavras, nada além de palavras carregadas de intensidade e delicadeza colorida....

Ultimamente tenho ficado mais calado. Muita gente tem reclamado da minha deslealdade com as palavras, com os sons que saem da boca. Mas tenho me sentido tão mais próximo da vida por esses dias. Caio Fernando dizia: “só que nós escritores somos cruéis, estamos sempre matando a vida me troca de histórias...” e penso que por não conseguir tão sensivelmente escrever como antes talvez eu tenha escolhido viver mais.
Descobri como viver é importante; sentir os cheiros, os gostos, olhar estrelas. Tudo além do que as palavras podem descrever. E como tudo tem sido tão profundo, tão intenso, as palavras não me bastam. Penso que o mais puro para descrever emoções e sentimentos talvez sejam apenas os silêncios. A mudez sempre sabe descrever melhor a vida do que a mentira das palavras. Não que eu não esteja me sentindo bem com tudo, pelo contrário, esse meu silêncio e apenas um respeito à intensidade que tudo tem me provocado. Porque eu sei que nem todas as minhas palavras mais bem escritas seriam capaz de descrever o quão bem me faz esse contato com a vida.

Maycoll C.
Quer ouvir música? meus dedos avançam até o rádio. Um gesto e três palavras para encher o silêncio. Que de tão repleto não cabe em si mesmo. Mas ele diz não. Sua resposta me enche de uma brusca vergonha. Como se tivesse descido mais fundo do que eu, dispensando as facilidades que também são fuga. A luz da lua bate nas pedras, elas brilham feito mil luas brancas, mil luas ásperas, mil luas à beira de um céu-rio sem estrelas. Está tudo quieto - há quanto tempo? - e meus ouvidos já não descosturam do silêncio o rumor dos carros passando distantes na estrada."

Olham-se, mas não se vêem. A escuridão não é uma parede, mas o silêncio os imobiliza na busca da palavra maior. Os dois fumam. As pontas acesas desvendam o escuro, e por instantes colocam um brilho avermelhado nas pupilas de ambos.


CaiO F. AbreU - Meio Silêncio

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

" O meu desejo de colorir borra a parede dele
com tinta fresca
Asas imaginadas, pés fora do chão,
tudo muito branco de paz por dentro."

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



As suas paredes boram de colorido a sujeira deste lugar...

Foto: Lucas Lopes
http://www.fotolog.com/lucasreislopes

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

De qualquer cor!

Olá senhores, como estão?
Por aqui tudo tem caminhado do lado certo, mesmo que ainda um pouco distante o caminho se faz certo a cada dia.
Sei que tenho deixado o blog um pouco de lado.
Apesar de postar alguns desenhos meus e letras e poemas de outros autores, sei que faltam mais textos autorais por aqui.
Talvez uma justificativa viável seja o fato de ultimamente eu ter desenhado mais, ou melhor, me arriscado mais nesse mundo das cenas inventadas.
Os sentimentos continuam sujos aqui, talvez a diferença seja mesmo a forma com que a sujeira tem se mostrado.
Mas sei que logo surgem palavras pulsadas de energias que façam vibrar os olhos de vocês.
Quero aqui agradecer aquele que sempre tem me inspirado, tanto nos desenhos, quanto em tudo que faça com que meu mundo se mantenha dentro desse movimento de rotação constante.
Pra você e pra todos os senhores...
Que seja doce!
(repete sete vezes pra dar sorte!)

O morango que restou do mofo



A polpa gelada e macia me beija os olhos
Lábios grossos de uma delicadeza comestível
Fruto que meu instinto deseja consumir
Cores que se fazem eternas de intensidade
Morangos nem sempre são vermelhos
Eles são a anunciação das outras cores
Eles existem apenas para deixar um gosto
Amargo, doce, gosto seu, gosto de afeto...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


Pablo Neruda

MandaLa - Circulo LíquidO

"Sei que o vento que entortou a flor
Passou também por nosso lar
E foi você quem desviou
Com golpes de pincel..."

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Sol e a Lua



Mas o astro rei
Com todos os seus planetas,
Cometas, asteroides,
Terra, Marte, Vênus, Netúno e Urâno
Foi se apaixonar justo por ela,
Que o despresa e o deixa esperar.

Acontece que o Sol não se conformou
Foi pedir ao vento para lhe ajudar,
Mas o vento nem se quer parou
Pois não tinha tempo para conversar

O Sol sem saber mais o que fazer
Tanto amor pra dar,
E começou a chorar,
E a derreter,
Começou a chover, e a molhar,
E a escurecer.

O Sol pediu a Lua em casamento,
E a Lua, disse:
Não sei, não sei, não sei
Me dá um tempo.



• Arnaldo Antunes - (Pequeno CidadãO)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O que há

O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...


Álvaro de Campos

O mundo é um Moinho

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés


Cazuza

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009



Eu nunca fui um desses caras que acreditam cegamente no amor e nos finais felizes dos contos de fada. Sempre me mantive muito realista no que a vida poderia e ainda pode me oferecer. Embora sim, eu tenha de assumir um lado muito positivo e um intenso vôo sobre uma utopia colorida que me fascina violentamente.

De uns tempos pra cá muita coisa mudou. Eu fico me perguntando como pode tudo se transformar assim tão de repente, as escolhas vão se tornando cada vez mais intensas e profundas. Se antes o que preocupava era de que cor pintar a roupa do palhaço, hoje me preocupo em comprar os lápis, escolher o desenho e fazer dele minha melhor obra de arte.

Muita coisa me atormenta a mente, e uma delas é o fato de saber que daqui a alguém tempo tudo de novo tenha mudado. E é certo que tudo terá mudado, afinal, tudo muda todo dia, toda hora, todo minuto. Mas a grande questão é manter sempre o foco. Manter sempre perto da gente as pessoas que queremos bem, que nos fazem bem.

Por falar em pessoas, eu me sinto um cara “abençoado por Deus”. Tantas pessoas legais que já passaram pelo meu caminho. Tanto já aprendi com cada uma delas, sobre o amor, o ódio, o dia de amanhã, sobre mim mesmo, sobre elas. E mesmo que parte delas tenha partido, pra um não sei onde, eu mantenho vivo aqui dentro tudo que aprendi por todos os tempos e gerações em que já vivi. Tento sempre levar o máximo de tudo as novas vivencias que estão lá fora, prestes a bater na minha porta.

Hoje sei que se eu quiser posso ter alguém legal do meu lado, só depende de mim conquistar todos os dias mais e preservar a confiança, o carinho e admiração que sei que esse alguém já tem por mim. Mas tudo é tão gigante nesse mundo, somos tão pequenos e tão frágeis diante da multidão que grita seca e fria por comida, por amor... Parece feio, mas tenho medo, às vezes tenho medo sim. Certeza de que quero preservar no peito e deixar que essa coisa boa cresça sempre mais, tenho também. Mas mesmo sendo pouco, o medo me domina mais cruel.

Decidi esperar um pouco, até que esse alguém perceba o que sente, o que quer. E se nosso destino for o mesmo, se tivermos mesmo de juntar os lápis e colorir no mesmo caderno, assim será. E esse é o meu real desejo, que possamos colorir juntos os desenhos da vida.

2mC é a formula mágica. Agora só depende de nós sabermos usá-la corretamente e fazer com que tudo cresça sempre.

AdorO muitO!!

Beijos
Hoje corpo e alma não estão dançando a mesma melodia tocada pela vida.
Meus ossos estão doendo um pouco, me sinto frágil, fraco.
Meus sentimentos mesmo presentes nessa festa louca de acontecimentos preferem ficar sentados na mesa mais afastada e no canto mais escuro desse salão agitado por luzes de neon.
Mesmo sendo dia de festa, hoje não estou pra festa, pra música, pra coisas coloridas demais, capazes de ofuscarem de tanto brilho meu ser não alimentado de carne, de energias, meu ser não alimentado de mim mesmo.
Mas já me decidi, assim que a festa terminar vou pra casa me deitar, sei que amanhã ao acordar e tomar meu banho vou estar novo, inteiro...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009