quinta-feira, 27 de novembro de 2008

LObo-Mau




Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vêm, não raras, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca - a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram. Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia resiste a ser identificada. As sucessivas roupas sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, às vezes brilhante, mas circundando o vazio. Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos - com todos esses arrepios estranhos que um entardecer de outono, como o de hoje, provoca na gente.

[Caio F. Abreu]

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Tive vontade de sentar na calçada da rua augusta e chorar, mas preferi entrar numa livraria, comprar um caderno lindo e anotar sonhos.

Caio F. Abreu

terça-feira, 18 de novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Poema de uma transa qualquer

Minha boca beija sua boca com uma vontade de nunca te deixar
Estamos envolvidos com um louco desejo de se amar
Minha pele sente o calor tenso da pele que te cobre
Algo selvagem, como um amor entre o cara rico e o menino pobre
Um querendo o melhor do outro sem nada de oficial
Um sexo forte, algo profundo, uma atração animal
Meus ossos pesam o meu corpo que pressiona o seu olhar ao meu
Gemidos se misturam entre delírios seus
Minhas mãos apalpam sua carne macia e viva de ser inocente
Eu um ser alado, um pobre descobridor dos pecados dessa gente
Nossos corpos são apenas um, e tudo está perfeito assim
Desejo esculpido em posição e feito de mágia pra você e pra mim!!



PS: Ao dono dos olhos de poesia clara mais lindos que já vi!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

TodO carnaval tem seu Fim


Todo dia um ninguém josé acorda já deitado

Todo dia ainda de pé o zé dorme acordado

Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia

Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado

De que o dia insiste em nascer

Mas o dia insiste em nascer

Pra ver deitar o novo

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada

Toda Bossa é nova e você não liga se é usada

Todo o carnaval tem seu fim

Todo o carnaval tem seu fim

E é o fim, e é o fim

Deixa eu brincar de ser feliz,

Deixa eu pintar o meu nariz


Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco

Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco

Toda escolha é feita por quem acorda já deitado

Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado

E pinta o estandarte de azul

E põe suas estrelas no azul

Pra que mudar?

Deixa eu brincar de ser feliz,

Deixa eu pintar o meu nariz!!


(Los Hermanos)