sexta-feira, 21 de maio de 2010

uma histÓria sem.final

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Era assim o começo.
Um tragava lento e intenso os seus cigarros.
Depois jogava fora a nuvem de fumaça como que brincando com o ar.
Enquanto isso o outro se ensaiava entre palavras e cenas, louco e delicado.
Começo esse que durou desde os convites para filmes de um, recusado algumas vezes por outro até as palavras digitadas dos dois e uma viagem pra distanciar ainda mais o esperar de se encontrar. O correr lento dos minutos virados em horas jogadas em dias flutuados em semanas que fizeram das incertezas uma coisa certa.
Era assim o começar, não bem exatamente o começo, porque o encontro deles dois só foi acontecer mesmo alguns dias depois de se encontrarem.
Eram quase um oposto, atraídos pelo não querer absolutamente nada além do querer. E se permitiram se encontrar e se cruzarem os caminhos. Assim sem querer nada, querendo ao mesmo tempo tudo.
Um alto, branco, da barba por fazer contrastando com o largo e branco sorriso disfarçado. Um outro mais baixo, de sobrancelhas pretas e grossas, de mãos tímidas nos bolsos. Se encaixaram assim, perdidos entre palavras e sorrisos e desejos ocultos no vazio de uma praça escura, no meio de uma noite qualquer de janeiro. E embora fosse apenas também o começo do ano era tarde demais, pensavam os dois. Tarde demais pro amor, tarde demais pra se envolver e se encontrar. Tarde demais pra resistir aquele encontro. Encontro esse que se estendeu por um convite para visitar a casa de um, aceito pelo outro, continuado em um jantar discreto e quase finalizado em toques e carinhos trocados diante de um filme que se passava na TV. Digo quase finalizado porque colocar um fim naquele encontro era praticamente impossível. E assim se encontraram no dia seguinte, e no dia após, e depois. Até um deles teve que se mudar, não tinha mais jeito, eram os planos, analisados e calculados delicadamente por aqueles longos dias solitários sem o outro. O outro entendeu os caminhos e aceitou o esperar. Foram largos, donos de sentimentos ambíguos e de uma certa forma necessários todos aqueles dias sem tocar, porque se viam e se sentiam todos os dias, quase todas as horas pra ser mais exatos.
Um dia falaram em namoro, contrapondo as distancias e as vontade e os medos antigos e os medos novos e tudo mais que poderia de certa forma influenciar para o colorir ou descolorir daquele caminhos que escolhiam percorrer lado a lado.
Foi assim o começo. O resto todo que vem depois vem vindo, os trechos lidos dos livros favoritos de um sonorizado pelas canções favoritas da banda do outro. Os dias doloridos sem se verem, rodeados pela falta que um faz na cama do outro, entendido pelo mau humor do dia a dia, pelas brigas de ciúme bobo, pelas cervejas bebidas e os jogos jogados. Tudo sendo escrito assim, depois do começo.
Tudo assim mesmo, sem ponto final

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maycOll c.

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